Visualização de Dados: o que é e porque ela importa?

Fala, pessoal! Hoje vamos estudar sobre um tema que está presente em diversas áreas — da pesquisa científica à tomada de decisão nas empresas: Visualização de Dados. Prepare-se para entender como ela transforma dados em conhecimento.

Vivemos na era dos dados. Planilhas, sensores, redes sociais, pesquisas científicas — todos os dias produzimos e consumimos volumes gigantescos de informações. Mas números brutos, por si só, não contam histórias. É aqui que entra a visualização de dados: a arte e a ciência de transformar dados em imagens que fazem sentido para a mente humana.

Como já destacou Hal Varian, economista-chefe do Google, em 2009:

“A capacidade de utilizar dados — entendê-los, processá-los, extrair valor, visualizá-los e comunicá-los será uma habilidade crucial nas próximas décadas.”

A visualização de dados, portanto, não é apenas uma ferramenta técnica: é uma forma de ampliar nossa cognição e de transformar complexidade em compreensão.

O que é visualização de dados?

Visualização não é simplesmente desenhar gráficos bonitos. Segundo Alberto Cairo, autor de The Truthful Art (2016), trata-se de qualquer representação visual projetada para comunicar, analisar e explorar informações.

Em outras palavras, um bom gráfico não apenas mostra números: ele revela padrões, relações e histórias escondidas nos dados.

Exemplo prático

Imagine uma tabela com 1.000 registros de vendas. Olhar para ela pode ser cansativo e pouco revelador. Mas, ao transformá-la em um gráfico de barras, imediatamente percebemos quais produtos vendem mais e em quais períodos. A visualização transforma o invisível em visível.

O que não é visualização de dados?

Nem tudo que é visual deve ser chamado de visualização. Robert Kosara, pesquisador da área, define a visualização pragmática a partir de três critérios mínimos:

  1. Basear-se em dados não-visuais, como medições, pesquisas ou registros.
  2. Produzir uma imagem como forma principal de comunicação.
  3. Ser legível e gerar aprendizado sobre os dados.

Isso significa que fotografias ou pinturas — embora visuais — não são visualizações de dados. Elas não traduzem abstrações em insights, apenas registram imagens.

O poder e o risco das visualizações

Visualizações podem ser incrivelmente persuasivas. Um estudo de Pandey et al. (2014) mostrou que gráficos são mais convincentes que tabelas ao transmitir informações. Isso é positivo quando usado para clareza e entendimento.

Mas esse poder também traz riscos. O mesmo grupo de pesquisadores (2015) demonstrou como gráficos enganosos, com escalas distorcidas ou cortes maliciosos, podem manipular interpretações. Por isso, ética e responsabilidade são princípios fundamentais ao criar visualizações.

O que faz uma boa visualização?

Uma boa visualização precisa equilibrar rigor, clareza e estética. Ela precisa ser bonita o suficiente para atrair o olhar, mas fiel o bastante para não trair os dados. Entre as principais qualidades estão:

  • Verdadeira: representando fielmente os dados;
  • Funcional: útil para análise ou comunicação.
  • Esteticamente agradável: atrativa sem comprometer a clareza.
  • Reveladora: traz insights e mostra o que não era óbvio.
  • Esclarecedora: facilita a compreensão de fenômenos complexos.

Exemplo histórico: O mapa de cólera de John Snow (1854) é um dos marcos fundadores da visualização de dados. Ao plotar os casos da doença em Londres, Snow identificou que as infecções se concentravam ao redor de uma bomba d’água — revelando que a causa estava na contaminação da água, e não no ar, como se acreditava. Essa descoberta salvou milhares de vidas.

Mapa de cólera de John Snow (1854).

Figura 1 – Mapa de cólera de John Snow (1854), considerado um marco histórico na visualização de dados aplicada à saúde pública. Fonte: Wikipedia.

Por que isso importa?

A visualização de dados tem impacto direto em múltiplos domínios:

  • Ciência: astrônomos identificam padrões em galáxias, biólogos estudam proteínas, climatologistas analisam mudanças ambientais.
  • Negócios: dashboards de vendas ajudam empresas a tomarem decisões rápidas e embasadas.
  • Jornalismo: gráficos tornam reportagens mais claras, acessíveis e envolventes.

Exemplo contemporâneo: Um mapa de calor da dengue, como o desenvolvido pela UFMS em 2023, mostra a distribuição espacial dos casos suspeitos na cidade de Três Lagoas (MS). Além de ser visualmente chamativo, ele permite identificar rapidamente os bairros críticos — algo que números isolados dificilmente revelariam.

Mapa de calor da dengue

Figura 2 – Mapa de calor mostrando a intensidade de casos de dengue em Três Lagoas (MS), criado pela UFMS em parceria com a prefeitura local (2023). Fonte: Prefeitura Municipal de Três Lagoas.

Mais recentemente, entre 2019 e 2023,  durante a pandemia de COVID-19, dashboards interativos foram cruciais para monitorar casos, mortes e vacinação em tempo real — ajudando governos e cidadãos a tomarem decisões informadas.

Conclusão

A visualização de dados é mais do que estética: é uma ponte entre a informação bruta e o entendimento humano. Quando bem feita, ela revela verdades ocultas, guia decisões importantes e ajuda a contar histórias que realmente importam.

Visualizar não substitui o ser humano — mas expande nossa capacidade de compreender o mundo através dos dados.

E este é apenas o começo: na próxima parte desta série, vamos explorar os Fundamentos da Representação Visual — como marcas e canais (cor, forma, posição, tamanho) moldam a forma como percebemos os dados.

Se quiser entender como o cérebro interpreta gráficos, veja também o artigo Como o cérebro enxerga gráficos.

Referências

  • VARIAN, H. (2009). The ability to understand and communicate with data. Google.
  • CAIRO, A. (2016). The Truthful Art: Data, Charts, and Maps for Communication.
  • KOSARA, R. (2016). Understanding Data Visualization. UNC Charlotte.
  • PANDEY, A. et al. (2014, 2015). The Persuasive Power of Data Visualization. IEEE VIS.
  • SNOW, J. (1854). On the Mode of Communication of Cholera.
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E você? Já usou visualizações no seu dia a dia de trabalho ou estudo? Conta aí nos comentários — como você transforma dados em histórias visuais?

Davi Teixeira

Mestrando, Analista de Testes/QA e Desenvolvedor Web.

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